Duas Lições a Tirar da Crise!

É certo que a "Crise" ainda não passou, mas ainda assim, sou da opinião de que podemos começar a retirar da mesma ensinamentos para o futuro (estou a tentar evitar a palavra "ilações", soa-me muito a "ilusões"!).

Proponho para já à consideração, especialmente dos economistas e dos políticos, duas lições que me parecem dever ficar para o futuro:

1ª-As classes Média e Baixa devem ter mais capacidade financeira; e
2ª-A capacidade de endividamento deve ser limitada;


Relativamente à primeira, penso que uma parte do capital que até aqui estava na posse das Classes Altas, Muito Altas e das Grandes Empresas, deve ser transferido paras as Classes Média e Baixa. Considero dois motivos para defender esta perspectiva.
Primeiro motivo, as classes mais baixas não têm tanta propensão para investirem as suas poupanças em produtos financeiros de alto risco. E mesmo que alguns o façam, se correr mal, não terá grande impacto no global da economia.
Segundo motivo, se as classes mais baixas (que são uma esmagadora maioria!) tiverem maior capacidade financeira, quando chegarem as alturas de crise, esta capacidade financeira servirá de almofada para amortecer a diminuição do consumo e consequentemente para a manutenção das empresas e dos postos de trabalho. Se os recursos financeiros estiverem excessivamente concentrados em poucas e abastadas pessoas, estas, em alturas de crise, vão procurar preservar os seus recursos e esperar que a crise passe, não gerando qualquer tipo de consumo ou de investimento.


Relativamente à segunda lição, a capacidade de endividamento das pessoas (e talvez até das empresas!) tem que ser limitada (talvez uma taxa de esforço de 40% seja um limite razoável para uma família). Se a capacidade de endividamento for limitada, alguns aspectos positivos serão despoletados, tais como: as pessoas terão margem para o consumo e para a poupança, as pessoas não se aventurarão em compromissos financeiramente muito arriscados, os preços das casas terão menor tendência para inflacionar porque a procura irá estar limitada, por outro lado, o mercado do arrendamento será dinamizado porque muita gente deixará de ter possibilidade de comprar casa e terá que optar pelo arrendamento (talvez haja necessidade de regular melhor este mercado ou de incentivar os construtores a construir para arrendar e não só para vender).

Em resumo: a diminuição do fosso entre ricos e pobres não é exclusivamente uma utopia moralista, é acima de tudo um factor de sustentabilidade económico financeira das sociedades modernas!

P.S.1-Fica o desafio aos economistas para justificarem ou para refutarem estas minhas teorias puramente hipotéticas;
P.S.2-Fica o desafio aos políticos, se os economistas conseguirem justificar as minhas teorias, para implementarem as medidas necessárias.

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