sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Jogos Olimpicos 1 - Vistos Pelo Lado Otimista!

Estão na memória de todos os portugueses (provavelmente de forma mais vincada do que as próprias medalhas!), as imensas criticas ao desempenho dos desportistas portugueses em Pequim. Desde os mais altos responsáveis pela "missão" (dirigentes e desportistas) até ao mais humilde dos compatriotas (mero espectador), muitos foram os que atiraram as mais diversas criticas ao resultados supostamente menos positivos.

Não sou da opinião de que tudo está bem. Sou aliás um critico acérrimo do sistema desportivo português. Mas ainda assim, não posso conceber que simplesmente se critique sem que por trás da critica exista uma reflexão devidamente fundamentada.
Embora considere que os resultados obtidos não resultam de uma estratégia bem desenhada e executada, mas sim de mero acaso e da conjugação de algumas circunstancias felizes, sou obrigado a admitir que estes não são tão maus quanto se quis fez crer. Senão atentemos sobre alguns dados.

A representação portuguesa apresentava 4 candidatos a medalhas (5 se se considerar o Obikwelo com 10,04seg como melhor marca do ano também era candidato a medalhas). Obtivemos 2 medalhas, o que representa 50% de sucesso (40% se considerarmos Obikwelo), o que me parece muito bom. Será que 50% de todos os candidatos a medalhas de todos os países as obtiveram? tenho as minhas duvidas!
Duas medalhas representam 10% do total de medalhas conquistadas até às últimas olimpíadas. Será pouco?
Só em duas Olimpíadas Portugal obteve mais de duas medalhas: 1984 (1-O, 2-B) e 2004 (2-P, 1-B). Em termos de quantidade de medalhas esta foi a terceira melhor participação de sempre.
Se atribuirmos 3 pontos ao Ouro, 2 à Prata e 1 ao Bronze, a classificação deste ano foi rigorosamente igual à dos dois anos referidos.
Se em vez de utilizarmos a classificação de total de medalhas, utilizarmos a classificação que valoriza primeiro o Ouro (a mesma que põe a China no topo da classificação), depois a prata e por último o bronze, a classificação das participações portuguesas fica ordenada da seguinte forma:

Medalheiro Português:

1º-2008 - Pequim: 1-O, 1-P, 0-B
2º-1984 - Los Angeles: 1-O, 0-P, 2-B
3º-1996 - Atlanta: 1-O, 0-P, 1-B
4º-1988 - Seul: 1-O, 0-P, 0-B
5º-2004 - Atenas: 0-O, 2-P, 1-B
6º-1976 - Montreal: 0-O, 2-P, 0-B
7º-1948 - Londres: 0-O, 1-P, 1-B
8º-1960 - Roma: 0-O, 1-P, 0-O
9º-2000 - Sidney: 0-O, 0-P, 2-B
10º-1924 - Paris: 0-O, 0-P, 1-B
11º-1928 - Amesterdão: 0-O, 0-P, 1-B
12º-1936 - Berlim: 0-O, 0-P, 1-B
13º-1952 - Helsínquia: 0-O, 0-P, 1-B

Penso que podemos dizer que, se a china foi classificada em primeiro lugar nos Jogos Olímpicos 2008, também devemos colocar a participação portuguesa em Pequim no primeiro lugar de todas as participações portuguesas de sempre.

Concluindo, o que me preocupa não são os resultados, porque estes, embora não sendo bons, estão ao melhor nível de sempre. O que me preocupa é que estes resultados surgem principalmente pela coincidência feliz de um conjunto de factores e não por estratégias consolidadas de desenvolvimento desportivo. Por exemplo o Nelson Évora nunca teria sido olímpico se não tivesse tido a sorte de morar no mesmo prédio de um treinador de atletismo, nem a Vanessa Fernandes se não fosse filha de um ciclista.

O que é necessário, para que em vez de uma medalha por cada 5 milhões de habitantes, tenhamos uma por cada 1 ou 2 milhões, como têm a Inglaterra, os EUA, ou a Rússia, é uma estratégia consolidada de desenvolvimento desportivo. Sobre esta aventarei eu umas ideias na minha próxima mensagem sobre este assunto.

P.S.: Continuo disponível para aceitar patrícios para escrever com mais brevidade!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Marisa (DN 20/07/2008)

"Custa tanto fazer mal como fazer bem. A energia que se gasta é exactamente igual. Portanto já que vamos fazer, vamos fazer bem."